segunda-feira, janeiro 22, 2007

O dilatar das pupilas

Não estranhei o dilatar das pupilas nem
a ausência que sempre adornou o sentir
uma incomunicabilidade latente
numa fadiga de axilas receosas

desta vez seria diferente, poderia ter sido

uma dor exígua num espaço vulgar
quase sempre o mesmo, perpetuamente indistinto
uma sensação estranha, imperturbável
um embrulho que se paga caro

uma vida que deixa de o ser

um ardor

Sinto que breves se tornam as memórias
e os rasgos da calosidade da alma
fazem-me experimentar
estes nocturnos pesares, insuportáveis

e é assim que por breves instantes
desço do extâse e caio em desgraça
no imenso mar de uma dor que é
existir desta forma.

Miguel Godinho

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