sábado, janeiro 22, 2011

a vida num segundo

o que gostávamos mesmo
era de beber vinho barato
que nem putos rebeldes
como se não houvesse amanhã;
de dançar na chuva
como se descobríssemos
a loucura a cada instante.
Naqueles dias insuspeitos
vibrávamos com o futuro
e foda-se, como queríamos
compreender a vida,
como éramos amigos das mesmas coisas
meu amor, minha loucura, meu amigo de sempre
como se nos revelava o mundo
sempre que reconhecíamos um poema
na incoerência desta selva;
e tudo durava um segundo, tudo cedo acabava
sem nunca verdadeiramente terminar

MG 2011

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Enquanto as palavras se evaporam

o tempo é agora
e tudo está a mudar.
não tentes segurar as horas
que elas te escorrem;
estás perdido no tempo,
nas tuas horas, nos teus minutos,
décadas, estás perdido em ti;
e o teu cérebro é o teu mundo,
a tua adolescência
misturada no teu agora
depois de vinte anos vinte
que de repente se tornaram trinta, 
quarenta, cinquenta, dez
porque tudo é agora, tudo és tu
ainda e sempre aqui
enquanto as palavras se evaporam

MG 2011

sábado, janeiro 08, 2011

Por isso não respondas

continuo a ver na distância
do teu nome uma criança a gritar
silêncio no corredor do sonho;    
a cicatriz e o peso da memória
(e como cresceste meu amor)
mas as palavras são perpétuas
- por isso não respondas -
aquele verão foi mesmo uma desordem:
o sabor metálico da saliva
escorrendo lentamente
nos teus lábios selvagens
e à noite o vapor das narinas
- lembras-te?
já não consigo ver o incêndio
mas se por acaso os teus passos
irrompessem na minha direcção
era fácil afogar-me no fogo,
outra vez

MG 2010

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Aqui tens o meu mundo

























Esferográfica s/ papel A4


MG 2001

terça-feira, janeiro 04, 2011

Tantas vezes sou só o silêncio

Tantas vezes sou só o silêncio
de uma memória antiga,
por debaixo do tapete,
num olhar distante.
Viajo sem destino,
sem sair do mesmo lugar,
num desejo de gritar o teu nome,
num delírio de ainda te sentir aqui

MG 201