quarta-feira, janeiro 17, 2007

Amanhã quem sabe

Há uma arrogância excessiva na
forma do mundo olhar o mundo
Uma alienação aflitiva que absorve
e nem mastiga
o ruído disforme da cidade
É como que um indiferença que
impressiona pela imoralidade latente
Vidas que se corrompem
umas às outras sem que se apercebam
minimamente, descaradamente, evidentemente.
No entanto
Marcamos constantemente o compasso desta rotina
e cumprimos todos os dias à regra
o toque do alarme das oito
prometendo uma e outra vez que
não enlouquecemos hoje
amanhã quem sabe
Que palco este em que nos encontramos
de manhãs difíceis e tardes melancólicas,
hoje, amanhã e depois
é tão evidente quanto pagar impostos
e acabar deitado numa cama
oito palmos abaixo desse mundo
que olha o mundo com olhos de confiança
como se tudo fosse fácil de entender
Como se amanhã tudo se tornasse mais fácil...

Miguel Godinho

Sem comentários: