ia escrever que coisas pouco interessantes se passam fora dos
livros, mas a verdade é que tudo se passa fora dos livros, a vida acontece é fora
dos livros e a realidade supera em muito a ficção, só de livros não podemos
viver nós, os livros contam coisas interessantes mas dos livros já ninguém
extrai nada, é por demais óbvio, cada vez mais óbvio, parece até que já ninguém
lê, que já ninguém quer ler, ninguém quer aprender, os personagens deste mundo real
andam todos em silêncio, prostrados, o palco da vida mais que pede acção, solicita
um enredo credível, vozes que se ouçam, vozes que se façam ouvir, alguém que
acorde o mundo e os seus actores que isto anda tudo diminuído, alguém que chore
em cena, que grite em desespero, alguém que seja qualquer coisa, que seja ele
próprio, que seja capaz de ser ele próprio, alguém que ame, que saiba amar, que queira amar, alguém que rasgue as páginas dos
livros, mais que não seja, alguém que pegue numa caneta e escreva um poema, por
muito mau que seja será sempre um poema, alguém que que se desalinhe que isto
de alinhamentos estamos todos fartos, fartos do tédio, onde é que anda o amor,
os valores, essa coisa que em tempos se chamou de humanidade, a generosidade, o
próximo, a preocupação com o próximo, a preocupação, a simples preocupação,
e já que se fala disso, todos temos direito à vida, a uma vida, a uma vida
digna, o raio que os parta se isto assim é que é o caminho, o caminho é outra
coisa, é sermos capazes de dizer basta, basta de estarmos rendidos, já basta o
que basta, porra, é triste mas por algum motivo vou sempre bater aqui: estarei
cansado disto tudo, não, não estou, quero é outra coisa, quero é outra coisa
melhor, um mundo melhor que este de agora, se não fossem os livros, a
família e os amigos, não sei como me aguentaria neste mundo de agora
.
MG 2013
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