Faz
agora doze anos que te conheci. E só sei dizer que o amor não é
fácil de compreender, fácil de explicar, o teu amor, o meu amor, o
amor que tenho por ti, sei lá como explicar isto, o nosso amor, esta
coisa que nos impede de perdermos o norte neste percurso que fazemos
todos os dias, há tanto tempo. Ainda por cima a mensagem que
queremos que seja uma mensagem fácil de ser entendida costuma vir
sempre como que codificada – é assim com todos, não é?, nunca
nos percebemos a cem por cento um ao outro, às vezes nem a
cinquenta, até parece que falamos línguas diferentes, nunca tenho a
certeza plena que te amo como querias que te amasse, nem que tu me
amas como eu queria que tu me amasses, mas no fundo eu sei que sim,
quer dizer, eu acho que sim, e a verdade é que nunca nos sentimos
confortáveis em afirmar que tudo isto é verdade, o nosso amor não
aconteceu à primeira vista, como se costuma dizer, nunca acontece,
pois não?, embora eu ache que não esteve longe disso, acho que foi
antes um clarão que nos deixou imóveis, estáticos, deslumbrados,
um arrebatamento que não sabemos como explicar, se calhar até
talvez tenha sido como normalmente acontece, só sei que ficámos
apavorados por não sabermos lidar com a situação, putos inseguros,
adolescentes meia-leca que reagem com o peito e não com a razão, e
agora, que fazer quando te chateias comigo e dizes que só te apetece
é fugir de mim, largar-me, dizes-me que eu não sirvo, que sou muito
insensível, um tremendo fogo de vista? A gente só precisa de alguém
que acredite em nós, a gente só precisa de acreditarmos em nós
próprios, de acreditarmos um no outro, de alguém que nos acompanhe
ao fim do mundo se for preciso, que vá connosco a todo o lado, que
caia connosco no abismo se tiver que cair, e que nos ampare quando
estivermos quase a chegar, quase a bater no fundo, e que lá bem no
fundo nos coloque uma almofada por baixo, que nos agarre no braço,
que nos diga julgas que já é hora de partires?, não ainda não é,
não, não te preocupes que eu estou aqui contigo, não te deixo ir.
É disso que precisamos: de sentirmos que temos ali alguém do nosso
lado, alguém verdadeiro, um aliado, um parceiro, um cúmplice nas
asneiras que a toda a hora cometemos, eu preciso de ti e tu de mim, e
é por isso que eu sei que te amo, e é por isso que eu sei que me
amas, é por isso que eu sei que ainda me aturas, doze anos depois e
já com um filho, um filho lindo, um mundo novo, porque ainda que às
vezes digas que já não me queres, que já não gostas de mim, que
já estás cansada disto tudo, eu sei que não é verdade, eu sei
porque também digo essas coisas, toda a gente diz, essas asneiras,
se queres que te diga, eu estou mas é cansado de nunca me cansar de
ti. E eu sei que tu também. Eu sei que tu também.
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MG 2013
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