terça-feira, abril 02, 2013

Doze anos


Faz agora doze anos que te conheci. E só sei dizer que o amor não é fácil de compreender, fácil de explicar, o teu amor, o meu amor, o amor que tenho por ti, sei lá como explicar isto, o nosso amor, esta coisa que nos impede de perdermos o norte neste percurso que fazemos todos os dias, há tanto tempo. Ainda por cima a mensagem que queremos que seja uma mensagem fácil de ser entendida costuma vir sempre como que codificada – é assim com todos, não é?, nunca nos percebemos a cem por cento um ao outro, às vezes nem a cinquenta, até parece que falamos línguas diferentes, nunca tenho a certeza plena que te amo como querias que te amasse, nem que tu me amas como eu queria que tu me amasses, mas no fundo eu sei que sim, quer dizer, eu acho que sim, e a verdade é que nunca nos sentimos confortáveis em afirmar que tudo isto é verdade, o nosso amor não aconteceu à primeira vista, como se costuma dizer, nunca acontece, pois não?, embora eu ache que não esteve longe disso, acho que foi antes um clarão que nos deixou imóveis, estáticos, deslumbrados, um arrebatamento que não sabemos como explicar, se calhar até talvez tenha sido como normalmente acontece, só sei que ficámos apavorados por não sabermos lidar com a situação, putos inseguros, adolescentes meia-leca que reagem com o peito e não com a razão, e agora, que fazer quando te chateias comigo e dizes que só te apetece é fugir de mim, largar-me, dizes-me que eu não sirvo, que sou muito insensível, um tremendo fogo de vista? A gente só precisa de alguém que acredite em nós, a gente só precisa de acreditarmos em nós próprios, de acreditarmos um no outro, de alguém que nos acompanhe ao fim do mundo se for preciso, que vá connosco a todo o lado, que caia connosco no abismo se tiver que cair, e que nos ampare quando estivermos quase a chegar, quase a bater no fundo, e que lá bem no fundo nos coloque uma almofada por baixo, que nos agarre no braço, que nos diga julgas que já é hora de partires?, não ainda não é, não, não te preocupes que eu estou aqui contigo, não te deixo ir. É disso que precisamos: de sentirmos que temos ali alguém do nosso lado, alguém verdadeiro, um aliado, um parceiro, um cúmplice nas asneiras que a toda a hora cometemos, eu preciso de ti e tu de mim, e é por isso que eu sei que te amo, e é por isso que eu sei que me amas, é por isso que eu sei que ainda me aturas, doze anos depois e já com um filho, um filho lindo, um mundo novo, porque ainda que às vezes digas que já não me queres, que já não gostas de mim, que já estás cansada disto tudo, eu sei que não é verdade, eu sei porque também digo essas coisas, toda a gente diz, essas asneiras, se queres que te diga, eu estou mas é cansado de nunca me cansar de ti. E eu sei que tu também. Eu sei que tu também.
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MG 2013

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