quarta-feira, dezembro 06, 2006

O perfume da tua ausência

Revi-me no teu olhar transparente
na dor residual da tua voz surda
senti-me na quietude da tua óbvia falta
de comparência

por breves instantes pareci acordar
carregar de cor um mundo cinzento, pálido
uma nuvem que cobre este
sol que tarda em surgir

não eras tu que suavemente me seduzias
enquanto pedia à noite para se demorar?
não eras tu que me permitias ver-te sem te olhar?
não eras tu a brisa quente que me aquecia a face
nesta fria tarde de Dezembro?

senti-me na tua ausência
no teu perfume a nada, que teima em desaparecer

Miguel Godinho

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