O bom turismo
Como em tudo na vida, existem coisas boas e coisas más. Costuma dizer-se que as boas atraem as boas e as más, naturalmente, atraem as más. Um pouco por influência, por propensão, como que uma tendência. E no que toca ao turismo, penso que se possa perfeitamente aplicar esta fórmula. Se num determinado local o tipo de oferta começa por ter em conta aquele tipo de turismo que não traz nada de benéfico (mas que rende, minimamente – por enquanto...) à zona onde se instala, parece que logo atrás nascem (qual cogumelos) uma série de equipamentos que apontam exactamente nesse mesmo sentido. Fica no entanto por esclarecer o que é que se enquadra num bom turismo e que, no seguimento da ideia atrás defendida, poderá trazer vantagens à região.
Em minha opinião (e de uma maneira utópica), o bom turismo não é aquele em que a oferta presenteia o turista com o que ele quer mas sim aquele em que o turista vem descobrir na região que visita aquilo que ela tem para oferecer. É óbvio que na realidade não deverá ser bem assim uma vez que a oferta tem de possuir resposta para as exigências do turista.
Assim sendo, aquilo que está em jogo num turismo sadio não é mais que o seu nível de informação e, mais importante, o grau de formação do visitante e, logicamente o nível em que a oferta se enquadra. Se a região não possui um tipo de oferta que aponta no “bom” sentido, o problema agravar-se-á sempre porque uma vez adaptado ao tipo de oferta “fácil”, descuidada, torna-se muito difícil inverter a questão com a implicação de ter de se dar a volta a uma toda uma série de coisas, como que se de uma bola-de-neve se tratasse.
O viajante que está informado não vem certamente à procura do que existe em todas as outras regiões do globo, vem antes em demanda da diferença, do autêntico, do genuíno, do preservado, da essência do local que visita. O que não se revela muito interessado vem à procura do hotel onde se come muito e não bem, das piscinas grandes, de bares onde a bebida é barata e as canecas são grandes, de locais onde se “oferece” a sua língua em qualquer canto. Por sua vez, o turista informado procura uma oferta relacionada com o local onde se encontra. O que quero dizer com isto? O visitante informado não se importa que não falem a sua língua em todo o lado porque também se diverte a tentar comunicar na língua local. Não se importa também que num determinado local não exista uma piscina 20mx40m nem que num hotel não lhe sirvam a comida até o prato transbordar, será mais interessante se o prato apresentar um certo requinte, um toque de mestria na sua apresentação, de preferência enquadrado numa receita local. Não se importa que esteja mau tempo e não seja possível ir à praia, desde que a oferta cultural local cubra essa impossibilidade. Esse tipo de turismo não gosta de visitar um local onde existam cem aldeamentos, carradas de prédios e shoppings à farta em torno da sua residência – porque isso há em todo o lado, de uma maneira excessiva. Procura antes a tranquilidade, própria do período de férias, a preservação da natureza, a amabilidade das pessoas locais (não corrompidas pela ambição desmedida e pela mesquinhez assanhada que o excesso de visitantes famintos lhes incute na mente), a gastronomia sem muitos Macdonalds por perto. Não sei, mas parece-me que este tipo de turismo está meio abolido da nossa região. Muito por culpa da mesma se ter moldado no sentido contrário praticamente desde que se abriu ao turismo. Preferiu-se desde o início a quantidade em detrimento da qualidade.
Regressando às duas ideias iniciais deste texto, volto a lembrar que as coisas boas costumam atrair as coisas boas e as más arrastam as más. Da mesma forma, digo sem complexos que a formação e a informação (quer dos turistas, quer da oferta) é uma coisa que resolve praticamente todos os problemas. E é uma coisa que nesta região, está meio apagada. E isso reflecte-se no tipo de turismo que temos actualmente.
É absolutamente vital uma maior aposta na formação e na educação dos agentes responsáveis pela oferta turística uma vez que estes são domínios chave, prioritários para a definição de um plano turístico coeso. Sem uma oferta instruída não se consegue uma procura com qualidade. E sem uma procura de qualidade não saímos do mesmo tipo de turismo de baixo nível, sem referências, sem identidade e, como tal, sem relevância para o desenvolvimento de um turismo com interesse. E quem paga é a região e, em primeira instância, quem cá vive e que tem de levar com o turistazeco habitual que não respeita ninguém.
Como em tudo na vida, existem coisas boas e coisas más. Costuma dizer-se que as boas atraem as boas e as más, naturalmente, atraem as más. Um pouco por influência, por propensão, como que uma tendência. E no que toca ao turismo, penso que se possa perfeitamente aplicar esta fórmula. Se num determinado local o tipo de oferta começa por ter em conta aquele tipo de turismo que não traz nada de benéfico (mas que rende, minimamente – por enquanto...) à zona onde se instala, parece que logo atrás nascem (qual cogumelos) uma série de equipamentos que apontam exactamente nesse mesmo sentido. Fica no entanto por esclarecer o que é que se enquadra num bom turismo e que, no seguimento da ideia atrás defendida, poderá trazer vantagens à região.
Em minha opinião (e de uma maneira utópica), o bom turismo não é aquele em que a oferta presenteia o turista com o que ele quer mas sim aquele em que o turista vem descobrir na região que visita aquilo que ela tem para oferecer. É óbvio que na realidade não deverá ser bem assim uma vez que a oferta tem de possuir resposta para as exigências do turista.
Assim sendo, aquilo que está em jogo num turismo sadio não é mais que o seu nível de informação e, mais importante, o grau de formação do visitante e, logicamente o nível em que a oferta se enquadra. Se a região não possui um tipo de oferta que aponta no “bom” sentido, o problema agravar-se-á sempre porque uma vez adaptado ao tipo de oferta “fácil”, descuidada, torna-se muito difícil inverter a questão com a implicação de ter de se dar a volta a uma toda uma série de coisas, como que se de uma bola-de-neve se tratasse.
O viajante que está informado não vem certamente à procura do que existe em todas as outras regiões do globo, vem antes em demanda da diferença, do autêntico, do genuíno, do preservado, da essência do local que visita. O que não se revela muito interessado vem à procura do hotel onde se come muito e não bem, das piscinas grandes, de bares onde a bebida é barata e as canecas são grandes, de locais onde se “oferece” a sua língua em qualquer canto. Por sua vez, o turista informado procura uma oferta relacionada com o local onde se encontra. O que quero dizer com isto? O visitante informado não se importa que não falem a sua língua em todo o lado porque também se diverte a tentar comunicar na língua local. Não se importa também que num determinado local não exista uma piscina 20mx40m nem que num hotel não lhe sirvam a comida até o prato transbordar, será mais interessante se o prato apresentar um certo requinte, um toque de mestria na sua apresentação, de preferência enquadrado numa receita local. Não se importa que esteja mau tempo e não seja possível ir à praia, desde que a oferta cultural local cubra essa impossibilidade. Esse tipo de turismo não gosta de visitar um local onde existam cem aldeamentos, carradas de prédios e shoppings à farta em torno da sua residência – porque isso há em todo o lado, de uma maneira excessiva. Procura antes a tranquilidade, própria do período de férias, a preservação da natureza, a amabilidade das pessoas locais (não corrompidas pela ambição desmedida e pela mesquinhez assanhada que o excesso de visitantes famintos lhes incute na mente), a gastronomia sem muitos Macdonalds por perto. Não sei, mas parece-me que este tipo de turismo está meio abolido da nossa região. Muito por culpa da mesma se ter moldado no sentido contrário praticamente desde que se abriu ao turismo. Preferiu-se desde o início a quantidade em detrimento da qualidade.
Regressando às duas ideias iniciais deste texto, volto a lembrar que as coisas boas costumam atrair as coisas boas e as más arrastam as más. Da mesma forma, digo sem complexos que a formação e a informação (quer dos turistas, quer da oferta) é uma coisa que resolve praticamente todos os problemas. E é uma coisa que nesta região, está meio apagada. E isso reflecte-se no tipo de turismo que temos actualmente.
É absolutamente vital uma maior aposta na formação e na educação dos agentes responsáveis pela oferta turística uma vez que estes são domínios chave, prioritários para a definição de um plano turístico coeso. Sem uma oferta instruída não se consegue uma procura com qualidade. E sem uma procura de qualidade não saímos do mesmo tipo de turismo de baixo nível, sem referências, sem identidade e, como tal, sem relevância para o desenvolvimento de um turismo com interesse. E quem paga é a região e, em primeira instância, quem cá vive e que tem de levar com o turistazeco habitual que não respeita ninguém.
Miguel Godinho
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