terça-feira, junho 18, 2013

se te instala o caos

parece-me que as coisas se começam a tornar cada vez mais claras: se ao menos sentíssemos que nos ouviam – ninguém nos ouve realmente – que escutavam as nossas preocupações –  quais são as nossas preocupações? – que se importavam com aquilo que estamos a sentir agora – o que é que estamos a sentir agora? – que pudessem levar em conta as nossas inquietações; se ao menos se apercebessem do nosso desconforto, da desilusão, do desencanto, da frustração, da relevância das nossas ideias, actualmente pousadas apenas num simples desejo de autonomia e de liberdade, de necessidade de um mundo melhor, de mais humanidade – as pessoas precisam de mais humanidade, de se libertar das ofensivas dos telejornais, da brutalidade urbana, deste mundo assente na violência visual, as pessoas precisam de se sentirem livres – sentes-te livre? – não precisam de jogos políticos, da disputa desenfreada pelo poder, as pessoas abominam estas democracias de algibeira, estes democratas, a hipocrisia de quem nos conduz – quem é que nos conduz realmente? – de se desenvencilhar destes senhores cheios de orientações económicas e liberais; nunca te esqueças que a palavra é uma arma, a tua palavra é uma arma, a tua prosa, a tua poesia, a tua capacidade de pensar, de fazer frente com o intelecto, mostra-lhes isso, mostra-te isso, enche-te disso, dessa fúria, desse desejo que as coisas mudem, ostenta a teu insatisfação, mostra que não há forma de te imporem nada, que não há barreiras, não há, ninguém te segura, porque tu és livre e tão depressa estás calmo e passivo como a seguir se te instala o caos, tão depressa estás calmo e passivo como a seguir se instala o caos
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MG 2013

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