domingo, janeiro 03, 2010

Ainda que imaginemos mundos (17)


A culpa não é nossa. Nunca é nossa.
O ruído das nossas vidas sempre foi difuso
e a distância sempre nos consumiu o olhar
mas naquela noite perdi-me (perdemo-nos)
e na verdade convulsa que nos unia,
uma vontade, que ainda perdura.
Imaginei-te eterna, numa estrada intemporal
mas na clandestinidade deste longo caminho
é já difícil sentir-te: o vazio.
Sob a chuva dos dias, para sempre,
a perfeição da tua ausência a escorrer-me
pela face. E na lentidão da vida,
neste fim do horizonte, uma certeza:
hei-de reencontrar-te
numa manhã inquieta,
para, solenemente, tudo recomeçar.

Sem comentários: