domingo, fevereiro 25, 2007

Kulsi yeggan, ala taben’emmet d waman

“Tudo (o que existe) dorme, excepto o rancor e a água”
Provérbio Kabyl, Enciclopédia berbere, IV, A 179. Aman, p. 559.

As águas que não dormem

As nascentes férteis das palavras
nem sempre estão ao alcance da vontade
há que escavar e construir
os acessos aos mananciais
essas fontes que brotam do fundo
da alma e alagam o sentir
intensos ardores que como
nascentes de fogo arrojam
por vezes a lama como nas
enxurradas que tudo arrastam
tornando sensíveis os campos
onde novas árvores tentarão crescer
qual sínteses de mim
e as constantes correntezas do tempo
que sempre me escrevem a dor
poderão continuar fluentes
como as águas
que não dormem

Miguel Godinho

1 comentário:

Anónimo disse...

só as lágrimas e as lâminas se mantêm acordadas
enquanto o corpo se esquece


Cavo