quinta-feira, outubro 12, 2006

O dia nasceu sombrio
A água do lago estava turva e a chuva que começou a brotar dos ceús vinha suja, enegrecida pelo fumo daquela fábrica lá ao longe.
Despi-me e entrei na água como que a carecer de uma ablução. Sabia que água não estava limpa mas ainda assim entrei, mesmo sabendo de antemão que de lá não sairia lavado. É daquelas coisas que não podemos controlar, temos simplesmente de atender aos instintos porque não há outra forma. Perguntas-me se realmente sabia o que estava a fazer. Não importa, nem sequer pensei nisso. Fi-lo. Sujei-me e chafurdei na lama. Foi o melhor banho que alguma vez tomei. Lavou-me a alma.

Miguel Godinho

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