quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Sou pai desta dor

Sou pai desta dor
Prossigo na minha recusa de azul, embalando o meu retiro negro
Proclamo a sede desta melancolia
como que se parisse todos os dias uma dor que me apraz
porque me faz sentir
sensações de sangue.

Cortejei tanto tempo uma afeição que imaginei,
fantasiei uma necessidade constante de me provocar,
de agredir aquilo que me conforta.
Eu não posso gostar desse eu
porque esse eu não me deixa ser
eu.

Miguel Godinho

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