sexta-feira, maio 24, 2013

monólogo, 2 [ou isto não dura para sempre]


esquece por um instante os anos que carregas e abandona todos os compromissos que assumiste, todos os deveres e obrigações de agora, desresponsabiliza-te, iliba-te de convenções, anarquiza-te nem que seja por um segundo, grita se te apetece gritar, não te preocupes com os outros porque os gritos são para ser ouvidos, não queiras saber se a tua obrigação é estares alerta, ninguém morrerá se te desfocares por um instante, fecha os olhos se necessário, desata-te da rotina que te obriga a ser quem és, de que vale seres quem és se já não és livre, se já desististe de sonhar com o que gostarias de um dia vir a ser, depois de seres o que sabes já ter sido? já te apercebeste que os anos te vão roubando, lentamente, todas as memórias, tudo se vai esfumando, tudo se vai esbatendo, não te venham com merdas agora que esta mensagem servirá apenas para anunciar que fechaste a porta aos que insistem em oferecer-te amarras, cobrir-te de correntes, agrilhoar-te ao mundo de todos os dias, à tela do computador, à televisão que insiste em pôr-te cada vez mais burro, desliga a televisão, destrói a televisão, vais ver que de repente se fará luz na tua cabeça, quando alguém te tentar repreender, já sabes o que fazer, carregas no interruptor, está mesmo aqui esse interruptor, és tu quem o controla, a autoridade és tu, basta desligares por um segundo, esquecer que já és crescido, que sabes tudo, tu não sabes nada, tu tens dezasseis, faz como se tivesses outra vez dezasseis, anarquiza-te, desliga-te e sê feliz, sê feliz que isto não dura para sempre
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MG 2013

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