Os 10 melhores livros que li em 2011:
Michel Houllebecq – O mapa e o território
Damon Galgut – Um quarto desconhecido
Patti Smith - Apenas miúdos
Fernando Esteves Pinto – Brutal
Maria Dulce Cardoso - O retorno
Ricardo Adolfo – Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas
Ricardo Adolfo – Mizé – Antes galdéria do que normal e remediada
Haruki Murakami – 19Q4
Bret Easton Elis – Menos que zero
Bret Easton Elis – Quartos imperiais
sexta-feira, dezembro 23, 2011
quarta-feira, julho 20, 2011
Os teus olhos latinos
A cegueira de um amor antigo:
como me lembro
dos teus olhos latinos,
da memória
que o tempo simplificou.
Não sei que utopia te comanda agora
mas a verdade
é que ainda recordo
a luz, o rubor
aquela coisa que alumiava
os dias
o contentamento que descobríamos
nem que fosse
num recanto de um poema
MG 2011
segunda-feira, maio 09, 2011
Eu não sou «rasca»
Acabo de me descobrir num site de alguém que desconheço. E acho que gostei do que descobri.
http://marafado.wordpress.com/2011/04/08/dias-de-um-jovem-que-nao-e-rasca/
Acabo de me descobrir num site de alguém que desconheço. E acho que gostei do que descobri.
http://marafado.wordpress.com/2011/04/08/dias-de-um-jovem-que-nao-e-rasca/
domingo, maio 01, 2011
Se tudo aquilo existiu então ainda existe (2)
se ainda não tinhas determinado o teu amor
bastava teres-me olhado de frentee terias visto que falava rigor
ter-te-ias reconhecido nos meus olhos
e sentido
a brisa oblíqua de um amor eterno
que pungia o ar
o teu nome no meu
a densidade do olhar
porque na verdade
eu fui tu
e agora
no arrulhar da memória
ainda me demoro em ti
no teu corpo débil
o rio do tempo
o corrupio das horas
a distância que nos separa
de nada importa
porque se tudo aquilo existiu
então ainda existe
então ainda existe
MG 2011
terça-feira, abril 26, 2011
era preciso um tempo para nós
era preciso um tempo para nós
outra vez
alguém que nos soubesse explicar a nós próprios
um tempo em que nos pudéssemos despir
de quem somos
todos os dias
era preciso que tivéssemos tempo
e que nos ouvíssemos
que soubéssemos gritar na noite escura
era preciso sermos crianças
outra vez
era preciso que fossemos mais nós
era preciso, outra vez
MG 2011
era preciso um tempo para nós
outra vez
alguém que nos soubesse explicar a nós próprios
um tempo em que nos pudéssemos despir
de quem somos
todos os dias
era preciso que tivéssemos tempo
e que nos ouvíssemos
que soubéssemos gritar na noite escura
era preciso sermos crianças
outra vez
era preciso que fossemos mais nós
era preciso, outra vez
MG 2011
terça-feira, abril 19, 2011
Poema manchado de ti
bandido na noite celeste
arlequim
monarca deste tempo só meu
amante idealista
(um poeta do asfalto)
trovador de instantes
num perverso desejo de viver
caneta papel e um grito de mim
e porque de um corpo nu
pouco mais há a dizer,
a tua inocência
na fresca humidade toldada:
o teu nome
no silêncio do quarto
a resvalar das sombras.
o poema acontece
outra vez
manchado de ti
MG 2011
terça-feira, abril 12, 2011
Brutal
Fernando Esteves Pinto
Ulisseia / 2011
«Brutal é um romance onde se representam todos os traumas da infância, da adolescência e da idade adulta resultantes da decadência humana: violência doméstica, abuso sexual e disfunção emocional. Brutal tem como base narrativa dois personagens que são um só – um jovem e um velho, duas idades da mesma pessoa, ambos fascinados pelo teatro – que, no cenário das suas próprias vidas, dramatizam impiedosamente os momentos que fundamentam e marcam as suas existências. Nesse palco do romance são postos em causa e analisados, até à humilhação de se sentirem culpados um do outro, na relação perversa que ambos sentem pela natureza humana. É um duelo entre a maldade e o remorso, onde o amor e a escrita são meros figurantes.»
segunda-feira, março 07, 2011
Se tudo aquilo existiu então ainda existe (I)
Agora tudo é indiferente
as pálpebras são incapazes
de segurar o sono;
é como um cortejo antigo
que devolve nomes vazios
e sem que me dê conta
regresso
sem pensar em nada
ao subúrbio onde cresci
às lições da professora zézinha
mas entretanto algo mudou
já não protesto quando me vejo sozinho
o resto não conta
(houve tanta gente que se foi)
e porque a memória é feita de nós todos
nunca me despedi verdadeiramente de ninguém
MG 2011
Verdade entre parêntesis
Nas revoltas adolescentes
a consciência de que tudo era possível
nos enredos que inventávamos
sem medo das cicatrizes.
As palavras tolas foram as mais saborosas
(e eu guardei-te para sempre o olhar)
na cegueira dos voos nocturnos
por entre os pinhais que ainda ardem
incessantemente como sangue.
Descobria o teu nome em todas as esquinas
e continuava a escrever o mesmo poema
sem preocupações,
sem que nada me incomodasse.
O suor dos nossos corpos, os disfarces inspirados,
e os antigos jogos de sedução
que não morreram e não me deixaram morrer…
A luz é eterna na fragilidade dos sonhos
e os amores antigos são tão selvagens
MG 2011
sábado, março 05, 2011
Do silêncio
ao fim do dia sentas-te em silêncio
e pensas o pensamento;
pensas o poema, o acto de pensar
e o silêncio, o teu próprio silêncio;
e pensas no silêncio daqueles que talvez
devessem ter dito alguma coisa
num determinado momento da tua vida;
porque o silêncio só é perfeito para quem quer dizer,
não para quem quer ouvir
Miguel Godinho
sábado, janeiro 22, 2011
a vida num segundo
o que gostávamos mesmo
era de beber vinho barato
que nem putos rebeldes
como se não houvesse amanhã;
de dançar na chuva
como se descobríssemos
a loucura a cada instante.
Naqueles dias insuspeitos
vibrávamos com o futuro
e foda-se, como queríamos
compreender a vida,
como éramos amigos das mesmas coisas
meu amor, minha loucura, meu amigo de sempre
como se nos revelava o mundo
sempre que reconhecíamos um poema
na incoerência desta selva;
e tudo durava um segundo, tudo cedo acabava
sem nunca verdadeiramente terminar
MG 2011
o que gostávamos mesmo
era de beber vinho barato
que nem putos rebeldes
como se não houvesse amanhã;
de dançar na chuva
como se descobríssemos
a loucura a cada instante.
Naqueles dias insuspeitos
vibrávamos com o futuro
e foda-se, como queríamos
compreender a vida,
como éramos amigos das mesmas coisas
meu amor, minha loucura, meu amigo de sempre
como se nos revelava o mundo
sempre que reconhecíamos um poema
na incoerência desta selva;
e tudo durava um segundo, tudo cedo acabava
sem nunca verdadeiramente terminar
MG 2011
sexta-feira, janeiro 21, 2011
Enquanto as palavras se evaporam
o tempo é agora
e tudo está a mudar.
não tentes segurar as horas
que elas te escorrem;
estás perdido no tempo,
nas tuas horas, nos teus minutos,
décadas, estás perdido em ti;
e o teu cérebro é o teu mundo,
a tua adolescência
misturada no teu agora
depois de vinte anos vinte
que de repente se tornaram trinta,
quarenta, cinquenta, dez
porque tudo é agora, tudo és tu
ainda e sempre aqui
enquanto as palavras se evaporam
MG 2011
sábado, janeiro 08, 2011
Por isso não respondas
continuo a ver na distância
do teu nome uma criança a gritar
silêncio no corredor do sonho;
a cicatriz e o peso da memória
(e como cresceste meu amor)
mas as palavras são perpétuas
- por isso não respondas -
aquele verão foi mesmo uma desordem:
o sabor metálico da saliva
escorrendo lentamente
nos teus lábios selvagens
e à noite o vapor das narinas
- lembras-te?
já não consigo ver o incêndio
mas se por acaso os teus passos
irrompessem na minha direcção
era fácil afogar-me no fogo,
outra vez
MG 2010
continuo a ver na distância
do teu nome uma criança a gritar
silêncio no corredor do sonho;
a cicatriz e o peso da memória
(e como cresceste meu amor)
mas as palavras são perpétuas
- por isso não respondas -
aquele verão foi mesmo uma desordem:
o sabor metálico da saliva
escorrendo lentamente
nos teus lábios selvagens
e à noite o vapor das narinas
- lembras-te?
já não consigo ver o incêndio
mas se por acaso os teus passos
irrompessem na minha direcção
era fácil afogar-me no fogo,
outra vez
MG 2010
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