quinta-feira, setembro 18, 2008

Os nossos dias (17)

Definho solitário neste gabinete recôndito
enquanto o mundo me escorre
pela gordura das mãos

nestes dias de fastio
pouco mais me acompanha
para além da ilusão
no caminho da melancolia


(o telefone toca)


Sim senhor engenheiro, diga
(agora não - por favor - deixe-me definhar em paz)
claro que sim, senhor engenheiro
tratarei prontamente da pendência dos seus assuntos
(que lhe limpem o cuzinho é o que mais lhe dá prazer
agora não - por favor - deixe-me sangrar sozinho)


claro que sim senhor engenheiro
sempre que precisar


Miguel Godinho

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