terça-feira, junho 24, 2008

Barcelona

Sempre que desta pequeníssima terra saio
uma tesoura de vida dilacera
a fina membrana exterior
enquanto a íris se abre desmesuradamente
na tua presença

a consciência de um caminho inútil por percorrer
ainda e só para me enxergar
na sombra e na intensidade desta ilusão

um raio de nostalgia
no vórtice das memórias de um tempo antigo
distrai-se na alucinação de um futuro melhor

mas

eis que tu aqui uma vez mais
me olhas nos olhos
enquanto carpido por não ser
honesto comigo mesmo

queria apenas dar o passo e voar
para essa terra onde me sinto vivo

Miguel Godinho


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