Os nossos dias (9)
Acabo sempre consumido
pelo grave odor a sexo entranhado na mente
enquanto escancaro a portinhola
para que te sirvas à vontade
uma aflição, a tua boca
após esse deboche nocturnal de fruta e chocolate amargo
caio bruscamente do azul do céu para o sofá
depois de te analisar por dentro
empurra-me para o lado como costumas fazer
acende um cigarro abre mais uma cerveja e liga a TV
lá fora chove como Deus a manda e eu aqui prostrado sem cuecas
à espera do fim de semana que nunca mais chega
queria apenas curar a ressaca dos dias
deitado para sempre contigo a fazê-lo
às vezes parece que alguém vai trabalhar todos os dias por mim
pois eu acho que nunca saí deste sofá
Miguel Godinho
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