Das tendências
Carrego o peso dos dias
olhando esta oliveira cujos ramos viajam
ao sabor do vento e sinto
que não pertenço a sítio algum
descubro constantemente impressas em mim
ora a frustração da folha em branco
ora a mediocridade do texto escrito e
não consigo caminhar sem que a dúvida me invada
viajo incessantemente entre esses dois portos
e na tormenta da invenção a vontade
de exprimir unicamente um grande nada
tornando evidente a perfeição do vazio
na folha em branco um sossego
a apoderar-se de mim sempre que abro o caderno
e dele não quero sair
a poesia também pode ser só esse vazio
um espaço desabitado de tudo
onde nada fica por dizer
Miguel Godinho
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