O Algarve
“Ultrapassada a Planície heróica de Manuel Ribeiro, o descampado de trigo ou os povoamentos artificiais de sobreiros; cansados os olhos das linhas rectas e das planura que ao longe se perde no horizonte, começam as pequenas elevações, chega-se a Almodôvar, atinge-se o alto do Caldeirão e eis o Algarve; eis a Província mais bela, mais alegre e mais característica de Portugal, onde o clima é mais ameno e onde o ar é mais leve e a vida mais despreocupada. A terra, exposta ao Sul, amorosamente banhada pela brisa do mar e afagada pelo calor do sol, cheira mais a terra; a flora, xerolífitica, compostas por plantas espinhosas, de folhas pequeninas, coreáceas, levada pela acção do homem ao estado de maquis ou de uma garrigue típica e aromática, exala por toda a Província um perfume característico, estonteante por vezes, que vem do alecrim, da murta, do rosmaninho, alfazema, do tomilho, da aroeira e do xaral viscoso e extenso da serra a que se junta o aroma das flores das amendoeiras e laranjeiras. As cores da terra são mais quentes e a beleza +e mais sensula e polícroma; o povo, de tez morena, é mais alegre, mais ardente e mais emotivo; tem menos preconceitos que no Norte e tem um ar acolhedor, franco e sociável aliado ao gosto de palrar, de rir e de cantar.”
Guerreiro, Manuel Gomes (1999) – O Litoral, o barrocal e a serra no ordenamento agro-florestal do Algarve, Faro, Edição da Direcção Regional de Agricultura do Algarve, p.14.
Sem comentários:
Enviar um comentário