um dia serás capaz de borrar o plano traçado, de inverter o rumo da tua vida e dizer que o mundo não
deve ser aquilo que tu não queres que o mundo seja, serás capaz de assumir que a brancura
e as pessoas brancas não existem, que o conforto em que vives é ilusório, que
tu nunca estiveste verdadeiramente confortável, bem sentado ou raio que te
parta, porque de sofás desfundados está o teu mundo cheio, de candura, dessa
gente bem lavada e asseadinha, gente que gosta muito de espreitar para dentro
de si própria e só sentir o cheiro a rosas quando o que lá existe é apenas
lixo, e então talvez te sintas na disposição de dizer: pronto, é hoje que vou
ser audaz, é hoje que vou ser aquilo que me apetece ser, já chega de submissão,
de mentira - e quantas vezes não há mentira por detrás das tuas ilusões, o
livro da tua vida não se pode escrever com palavras ininteligíveis e personagens
em quem não confias: basta que tu não és mais capaz de viver assim, rodeado de
todas essas coisas ocas e pessoas óbvias, tu queres mais é que se dane a
perfeição, tu já estás farto dessa gente que só sabe é ver-se ao espelho e
besuntar-se de brilhantina e vamos ver se não te levantas um dia azedo e com a
coragem suficiente para confrontá-los com a verdade: vocês não valem nada, nem
para lavar o chão prestam, essas gravatas não vos acrescentam qualquer valor
.
mg 2013
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