As cidades ancestrais
Uma vez
um tipo disse-me
que não teria de preocupar-me
se de repente acordasse
de um sono profundo
e nada tivesse para contar.
as folhas em branco dos dias
de pouco servem
para te convenceres que
a tua verdade
é só mais uma por entre
o trânsito compacto,
que te deixaste dormir ao volante
e só acordaste quando embateste em ti.
enche um copo de vinho
e canta a felicidade
de conheceres agora a verdade.
escusas de te abrigar da chuva:
de tanto olhares as fissuras, descobres
o teu nome escrito a branco na cal parda
uma boca cheia de cuspo
berra o teu sonho que alguém te há-de ouvir:
o mar que teima em chegar
as cidades ancestrais, e a ilusão,
nada mais puro que a ilusão
Sem comentários:
Enviar um comentário