O pulsar ardente das mãos espancadas
Ainda te vejo ao canto da loja
por entre os lenhos húmidos
dos alvoreceres coimbrães
e apetece-me agora dizer-te no silêncio:
claro que os dias são breves
e que o mundo gira sempre
à mesma velocidade
claro que o tempo se demorou
no pulsar ardente das mãos espancadas
que trémulas aguardaram
as chuvas da velhice
Tudo se esgotou de uma forma indizível
tal como me disseste: para o ano já cá não
estarias de novo de braços abertos
à espera que a vida te levasse.
Afinal, desde sempre foste tu quem carregou
a vida às costas
Miguel Godinho
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