Da claridade
Sentiste a manhã em tons de cinza
antes dos olhos se abrirem
e tiveste receio que o acordar
fosse demasiado violento.
Neste último sonho da noite uma inscrição:
“bem vindo ao cantar das sombras,
no silêncio dos dias encontrarás as palavras
que te dirão quem és”
Mais uma visão da casa em ruína
e a consciência da plenitude
na escuridão cerrada dos sonhos
– uma calma em que te descobres
constantemente perdido, uma busca incessante
pelo nome das coisas, pelo teu nome.
A vida pareceu-te de repente uma estrada estreita
e a manhã que te desligava da poesia nocturna, uma ponte.
Talvez as respostas viessem só com a claridade
talvez as palavras que te diriam quem és
não existissem no mundo dos sonhos
talvez fossem apenas horas de acordar
para mais um dia
Miguel Godinho
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