Um poema que só enunciasse derrapagens
incumprimentos das metas fixadas
(aliás, um poema tem metas?)
que fosse ele próprio frouxo
mais frouxo do que o previsto
a causa da recessão
que não parasse de
aumentar
a dívida das contas gerais
que persistisse na instabilidade
e que fosse tão inconstante quanto possível
que obrigasse permanentemente
a ajustamentos estruturais:
seria esse o poema mais moderno de todos
busca incessante de todo e qualquer
poeta da contemporaneidade
.
MG 2012
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