segunda-feira, março 15, 2010

Ainda que imaginemos mundos (26)

Limito-me a deixar que tudo aconteça,
que o mundo role desgovernado
na procura de uma realidade sincera
que me inunde outra vez.
Talvez assim não me desmorone,
talvez me aperceba pouco da eminência da morte
porque o teu nome me escapou.
E a vidinha assim vai correndo, entretanto,
por entre a calçada, numa ilusão.
Percorro o mesmo asfalto todos os dias
sem questionar a razão da decadência mas
nos teus olhos antigos, uma ferida aberta,
uma alucinação sanguínea, a verdade verdadeira,
e o rigor da memória:
há sempre uma vertigem por estancar,
sempre a mesma vertigem, os dezanove,
o felino suor dos dezanove, os teus olhos

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