quarta-feira, março 31, 2010

Ainda que imaginemos mundos (28)

E se os trinta às vezes fossem
como que uma transparência sempre opaca
e a vida sempre ao contrário,
um barco a remar contra a maré dos dias,
nada daquilo que um dia imaginámos ser?
A adolescência só se vive mesmo uma vez
agora acredito
e alguns dos nossos maiores sonhos
nunca se haverão de realizar.
Coragem marinheiro
coragem que o mar é bravo

domingo, março 28, 2010

“Death is not an event in life: we do not live to experience death. If we take eternity to mean not infinitive temporal duration but timelessness, then eternal life belongs to those who live in the present. Our life has no end in just the way in which our visual field has no limits.”

Ludwig Wittgenstein (1889 — 1951)

Um sítio brilhante para descobrir a vida e o pensamento deste filósofo austríaco.

segunda-feira, março 22, 2010

Ainda que imaginemos mundos (27)

Estou sempre atrasado para a vida.
E continuo a torturar-me por um atalho
para uma memória arcaica, pelo teu regresso:
o verdadeiro delito da carne.
Esquece-me que eu prometo nunca te esquecer,
continuas sendo um fogo celeste.
Ensinaste-me o mundo
e agora já só permanece a vontade constante
de retorno, a toda a hora
e a demora constante, a ilusão
de mim próprio.
Bem sei que já não existo,
que já tudo se consumiu,
mas a verdadeira transgressão
continua a ser o teu nome, dito em silêncio

quarta-feira, março 17, 2010

E se o vento fosse apenas uma metáfora?

segunda-feira, março 15, 2010

Ainda que imaginemos mundos (26)

Limito-me a deixar que tudo aconteça,
que o mundo role desgovernado
na procura de uma realidade sincera
que me inunde outra vez.
Talvez assim não me desmorone,
talvez me aperceba pouco da eminência da morte
porque o teu nome me escapou.
E a vidinha assim vai correndo, entretanto,
por entre a calçada, numa ilusão.
Percorro o mesmo asfalto todos os dias
sem questionar a razão da decadência mas
nos teus olhos antigos, uma ferida aberta,
uma alucinação sanguínea, a verdade verdadeira,
e o rigor da memória:
há sempre uma vertigem por estancar,
sempre a mesma vertigem, os dezanove,
o felino suor dos dezanove, os teus olhos

domingo, março 07, 2010



PORTICO QUARTET
22 Março
Teatro de S. Luiz
Lisboa

Uma mistura de jazz espacial, de uma profundidade celestial, e um quase-minimalismo instrumental. Continuam a tocar de vez em quando em Southbank (Londres), de borla.
A sua aparente simplicidade musical possui a rara capacidade de jogar com as nossas mais profundas emoções: uma pérola.

A não perder.

quinta-feira, março 04, 2010



Rasguemos o veludo dos dias
com um pouco de rock selvagem.
Porquê? Porque sim, só porque sim.

terça-feira, março 02, 2010

Do acordo ortográfico

Em Outubro último, numa das viagens de regresso de Picadilly Circus a St. Pancras, dois indianos troçavam vivamente deste mundo em que actualmente vivemos. De repente, um deles dispara, indignado, uma frase de guerrilha: «language is depending on economical progress». Nunca mais me esqueci dessa verdade tão internacional.