Todas as minhas palavras vão desaguar em ti. Todos os meus textos são o teu olhar. Ainda e sempre o teu olhar. Como desligar-me dele, dessa tua voz frouxa? Quase sempre acordo em ti, transpirado, como se fosse impossível dizer alguma coisa sem que me interrompas a chorar. “Não parti Miguel, não parti Miguel, não parti”. Bem sei que não. Ninguém me olhou nunca da forma que tu me olhaste, é verdade. Talvez por isso nunca tenhas realmente falecido. Por causa desse teu olhar frágil, dessa tua voz débil que teima em regressar. Escrevo como se te deitasse a meu lado outra vez. Escrevo para te sentir aqui, outra vez aqui. Escrevo para que nunca te vás. Para que nunca te vás.
Miguel Godinho
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