quinta-feira, abril 30, 2009

Ao fundo e na sombra

Confiava que para voar
não teria de desatar as asas para ti
e que ao imaginar-me
a caminhar no azul do céu
isso jamais poderia ser como uma lâmina
na pele a deslizar-te na alma
ao fundo e na sombra
em busca do sangue

aquieta por favor
esta dor profunda
de vez
na distância solene da memória

é assim que te fito ao longe
e me olvido de mim
na extensão desta noite
enquanto me arruíno outra vez
no branco do pó

Miguel Godinho

1 comentário:

Pedro disse...

por vezes so buscamos compreensao, as noites passadas ao ouvir do som dos homens do lixo sao complicadas, tambem o sei. no entanto é estranho este prazer absurdo que gostamos de extrair do sofrimento, é viciante.