Estilhaços
Nos estilhaços da memória, um nome quase esquecido ainda lacera.
MG 2011
quinta-feira, março 31, 2011
segunda-feira, março 07, 2011
Se tudo aquilo existiu então ainda existe (I)
Agora tudo é indiferente
as pálpebras são incapazes
de segurar o sono;
é como um cortejo antigo
que devolve nomes vazios
e sem que me dê conta
regresso
sem pensar em nada
ao subúrbio onde cresci
às lições da professora zézinha
mas entretanto algo mudou
já não protesto quando me vejo sozinho
o resto não conta
(houve tanta gente que se foi)
e porque a memória é feita de nós todos
nunca me despedi verdadeiramente de ninguém
MG 2011
Verdade entre parêntesis
Nas revoltas adolescentes
a consciência de que tudo era possível
nos enredos que inventávamos
sem medo das cicatrizes.
As palavras tolas foram as mais saborosas
(e eu guardei-te para sempre o olhar)
na cegueira dos voos nocturnos
por entre os pinhais que ainda ardem
incessantemente como sangue.
Descobria o teu nome em todas as esquinas
e continuava a escrever o mesmo poema
sem preocupações,
sem que nada me incomodasse.
O suor dos nossos corpos, os disfarces inspirados,
e os antigos jogos de sedução
que não morreram e não me deixaram morrer…
A luz é eterna na fragilidade dos sonhos
e os amores antigos são tão selvagens
MG 2011
sábado, março 05, 2011
Do silêncio
ao fim do dia sentas-te em silêncio
e pensas o pensamento;
pensas o poema, o acto de pensar
e o silêncio, o teu próprio silêncio;
e pensas no silêncio daqueles que talvez
devessem ter dito alguma coisa
num determinado momento da tua vida;
porque o silêncio só é perfeito para quem quer dizer,
não para quem quer ouvir
Miguel Godinho
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