O meu tédio não dorme
Cansado existe em mim
Como uma dor informe
Que não tem causa ou fim.
Não sei o que desgosta
A minha alma doente.
Uma dor suposta
Dói-me realmente.
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Eu não sou eu nem o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
In Alberto Xavier, “Al-Gharb 1146”