O indivíduo – A maior fonte do saber
O artigo “Livros vivos” de Joaquim Fidalgo, que tive a oportunidade de ler no jornal “Público” (7 de Setembro de 2005), sugeriu-me algumas ideias bastante interessantes, quanto à possibilidade de as pôr em prática, ao mesmo tempo que me transmitiu um certo receio, pela face negativa que poderá proporcionar.
É realmente fascinante a ideia de, numa biblioteca, a par dos livros poderem ser colocadas “à disposição”... pessoas! Pessoas que se podem “requisitar” para com elas, discutir, perguntar, dialogar, e, acima de tudo, aprender sobre qualquer e determinado assunto. Tenho no entanto, algum receio em relação ao comodismo que isso poderia provocar, no que toca ao acto de pegar e ler um livro...
Mas pegando nestas ideias sugeridas, com certeza que aplicá-las noutros espaços que não somente bibliotecas (apesar de tudo acho uma excelente ideia!), parece-me extraordinário a todos os níveis, não só pela procura de novas formas de diálogo de assuntos/peças/sítios, como na tentativa de solucionamento de novas formas de ocupação de pessoas ou na partilha de experiências, as quais muitas vezes caem no esquecimento pelo seu não-aproveitamento.
Instituições ligadas à cultura, e especialmente todas as novas iniciativas que se inserem na reabilitação de espaços e vivências urbanas e/ou rurais, poderiam aproveitar (é certo que muitas já aproveitam) todo o conhecimento individual e colectivo (porque sempre inserido num determinado contexto social). Quem melhor do que os indivíduos que se encontram ligados directamente aos assuntos e às vivências que se pretendem ver esclarecidas/discutidas para confrontar com uma conversa? Imagine-se uma visita a uma exposição etnográfica onde as pessoas mais idosas partilham memórias, ou uma visita a um qualquer centro urbano ou rural onde as pessoas nos apresentam, ou nos sugerem uma maneira possivel (a sua) de compreender aquele sítio?
É este um dos caminhos que as novas doutrinas expositivas têm tentado explorar, precisamente porque envolve e cativa muito mais as pessoas, ao mesmo tempo que elucida muito mais vivências, tornando mais íntimas as experiências.
Não continuará ainda a ser o Indivíduo a maior fonte de partilha do saber?
Miguel Godinho
Publicado no Jornal do Algarve em 17/11/2005
O artigo “Livros vivos” de Joaquim Fidalgo, que tive a oportunidade de ler no jornal “Público” (7 de Setembro de 2005), sugeriu-me algumas ideias bastante interessantes, quanto à possibilidade de as pôr em prática, ao mesmo tempo que me transmitiu um certo receio, pela face negativa que poderá proporcionar.
É realmente fascinante a ideia de, numa biblioteca, a par dos livros poderem ser colocadas “à disposição”... pessoas! Pessoas que se podem “requisitar” para com elas, discutir, perguntar, dialogar, e, acima de tudo, aprender sobre qualquer e determinado assunto. Tenho no entanto, algum receio em relação ao comodismo que isso poderia provocar, no que toca ao acto de pegar e ler um livro...
Mas pegando nestas ideias sugeridas, com certeza que aplicá-las noutros espaços que não somente bibliotecas (apesar de tudo acho uma excelente ideia!), parece-me extraordinário a todos os níveis, não só pela procura de novas formas de diálogo de assuntos/peças/sítios, como na tentativa de solucionamento de novas formas de ocupação de pessoas ou na partilha de experiências, as quais muitas vezes caem no esquecimento pelo seu não-aproveitamento.
Instituições ligadas à cultura, e especialmente todas as novas iniciativas que se inserem na reabilitação de espaços e vivências urbanas e/ou rurais, poderiam aproveitar (é certo que muitas já aproveitam) todo o conhecimento individual e colectivo (porque sempre inserido num determinado contexto social). Quem melhor do que os indivíduos que se encontram ligados directamente aos assuntos e às vivências que se pretendem ver esclarecidas/discutidas para confrontar com uma conversa? Imagine-se uma visita a uma exposição etnográfica onde as pessoas mais idosas partilham memórias, ou uma visita a um qualquer centro urbano ou rural onde as pessoas nos apresentam, ou nos sugerem uma maneira possivel (a sua) de compreender aquele sítio?
É este um dos caminhos que as novas doutrinas expositivas têm tentado explorar, precisamente porque envolve e cativa muito mais as pessoas, ao mesmo tempo que elucida muito mais vivências, tornando mais íntimas as experiências.
Não continuará ainda a ser o Indivíduo a maior fonte de partilha do saber?
Miguel Godinho