quinta-feira, setembro 26, 2013

perder o chão dá-nos a certeza

confirmo-te que sim, que continuaremos sempre a fazer coisas absolutamente erradas, coisas que poderão vir a correr mal, até porque se correrem mal é porque nunca poderiam ter corrido bem, podemos sempre julgar que aprendemos com isso, quando na verdade nunca aprendemos nada e voltamos sempre a repetir tudo uma e outra vez: as mesmas asneiras, os disparates de sempre; seremos sempre jovens inconscientes e instáveis, felizes na imprudência e no descuido, e é tão bom precipitarmo-nos de uma escarpa, como se fossemos mesmo a tombar, sentirmos aquele frio na barriga de quase perdermos o chão, porque sentir que se está mesmo a perder o chão dá-nos a certeza de que a sorte não nos pertence, que não somos de modo algum senhores do nosso destino; e tudo faremos para não vivermos só de dias óbvios e calculáveis, teremos filhos teimosos que darão continuidade às nossas vidas de indefinição, e que nos trarão com certeza muitas dores de cabeça, partirão coisas e serão muito rebeldes, porque a rebeldia é sinónimo de liberdade; e seremos felizes na indeterminação, porque de indeterminação é feita a vida, de imprevisibilidade, de encostas abruptas, de dúvidas, do resultado dos descuidos e dos desacertos, se não que interesse teria o mundo se nos joelhos não transportássemos todos os rasgões das nossas quedas
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mg 2013

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