já sabias que mais cedo ou mais
tarde haveria de escrever um texto meloso como este; porque constantemente
fazes questão de me lembrar que todos os dias devemos empenhar-nos na
construção de um mundo só nosso - não de uma casa, não de uma conta bancária, não
de uma mentira, mas de um mundo - um mundo inteiro cheio de coisas imensas,
cheio de amor, cheio de tudo aquilo que conseguirmos meter lá dentro, cheio de
vida; porque daqui a uns anos vamos com certeza ser capazes de nos comover com
esta história; porque esta é a história que vamos querer contar aos nossos
filhos (e que vamos querer que eles se encarreguem depois de contar às gerações
futuras), esta é a história que nos emociona sempre que pensamos na grande
probabilidade da mesma se vir a realizar, e nos faz chorar – mesmo quando não
há nada para chorar – ao imaginarmos a remota hipótese dela não se vir a
concretizar; porque a verdade é que todos os dias devemos ser capazes de chorar
por tudo e por nada – saber chorar é uma qualidade, tentarmos ser felizes
porque o que importa é sermos felizes – saber ser feliz também dá trabalho – e
aceitarmos o que a vida nos dá e desejarmos sempre mais e mais felicidade,
agarrarmos a vida pela mão, deixarmo-nos conduzir por ela, não permitimos que
nada nos escape: esta é a nossa vida e não há-de haver outra; um dia saberemos
reconhecer a importância de tudo isto quando olharmos para trás e nos revirmos:
se ainda agora podemos constatar que o amor não encolheu, é porque há qualquer
coisa de mágico e de imortal nesta nossa simples pretensão, há qualquer coisa
de mágico em nós
.
mg 2013
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