segunda-feira, dezembro 14, 2009

Ainda que imaginemos mundos (14)

O mal foi nunca ter tido a capacidade de acreditar,
acreditar em si, acreditar nos outros, acreditar no que a vida
lhe pudesse um dia vir a trazer, acreditar, tão somente acreditar
o mal talvez tivesse sido ele próprio, uma ameaça para si próprio:
tudo na vida sempre lhe pareceu uma inutilidade

uma violenta carência trazia-lhe constantemente à memória
uma revolta antiga e a necessidade de se reprovar,
de reprovar os outros, de reprovar tudo aquilo que a vida
lhe pudesse um dia vir a trazer, de reprovar, tão somente reprovar

o mal talvez também estivesse nos outros,
uma ameaça para si próprio:
tudo na vida sempre lhe pareceu uma futilidade

e assim viveu cansado de tudo, de si próprio,
dos outros, da vida, desse mal de nunca
ter conseguido ser o que talvez pudesse ter sido
se ao menos tivesse tentado



Bon Iver - "The wolves Act I & II"
Jagjaguwar Records

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